sábado, 13 de agosto de 2011

Bounding...

No seguimento de uma conversa, que por sinal me fez repensar algumas atitudes pelas quais passamos diáriamente, lembrei-me de um trecho do diário da prostituta Maria, no livro Onze Minutos de Paulo Coelho, que li, há já ha algum tempo atrás e achei interessante colocar aqui:

"... Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar quem o observasse.

Um dia, uma mulher viu esse pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção.
Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.

Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo.
Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.

E pensou: “Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá.”

O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava pra suas amigas, que comentavam:”Mas você é uma pessoa que tem tudo.”
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: Como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse.
O pássaro, sem poder voar exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.

Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido e a morte veio bater á sua porta. "Porque vieste agora?" perguntou á morte. "Para que possas voar com ele de novo nos céus." respondeu a morte. "Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, tu o amarias e o admirarias ainda mais, agora precisas de mim para poder encontrá-lo de novo."

1 comentário:

  1. É difícil esta coisa de ter umas asas pequeninas, frágeis, e ainda com pouca resistência a ventos fortes... lá chegará o dia de cruzar o céu sem medos!
    É importante perceber que todos somos donos de um coração e não de uma gaiola...

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